sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Acaso!




"à uma amiga com brasas no coração! "


Debruçada sobre a cama, seu corpo disfarça, parado e calado, a volúpia de seus pensamentos.
Ela está aqui, seu corpo, sua materialidade estão. Sua cabeça voa rumo ao encontro dele, destino certo, entre seus braços. Implora por vê-lo. Percebe um leve vento que seca sua boca e seca também seu chamado. Ah! Como queria dizer que o amava, e de certa forma, amava até mesmo esta expectativa e este não-saber dele. E sorri, descontrolada, ao despertar aquele momento em sua lembrança... ele passava por ela e olhava como quem olha uma folha que cai, tão naturalmente que logo dirige seus olhos a sua bota um tanto surrada e segue a contar passos que o distanciam daquele encontro, e então, mais do que cedo, já esquecera a folha que caiu e a moça que olhou e não viu.
Ela ficou para trás, ou em lugar nenhum... ele sabia menos dela de que dos grão de areia que deixava a cada avanço. Não sabia dela. Sabia de alguns poucos poemas do poeta da moda, algumas poucas canções e uma meia dúzia de bebidas; o suficiente para impressionar o maior número possível de garotas deslumbradas. Era um boêmio. Não tão bonito quanto seus olhos, pretos e rasgados. Nem tão mais inteligente que bonito. Mas, de certo, um cavalheiro.
A folha é tão leve quando cai, que decerto ele nem percebera que naquele instante, de sangue e dor, fazia curar um coração órfão. Ela ferida, ele, protetor.
Agora, ali deitada, ela está a pensar e a afagar aquele lenço, resquício de um quase amor.



JACYARA OSÓRIO

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Culpa


"Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração"
(Roberto Carlos)


Por estas linhas desenho teu abstrato, e por esse chão marco teus passos desconhecidos...
Esboço, plano, expectativa...
Tudo tão sentimental ,tão mais concreto que esta saudade feia que segura uma caneta sem tintas e por isso, sem motivo, sem passado e sem laços. Nas entrelinhas só nos resta as lembranças aladas de momentos que recortamos de nossa solidão, mas que mesmo assim não merecem tantos destaques assim.
O intervalo por entre seus passos descobrem uma fresta de ar e luz que emprestam a nossas almas um pouco de vida e de saciedade.
As nuvens que refletem por seus olhos, em um espectro de sinceridade, indicam que o céu está próximo, ou quem sabe, dentro deles. Um céu com infinitos horizontes, que pena, não tão grandes que me caiba,ou não tão pequenos que me machuquem tanto.
Você precisava de ajuda! Estava ferido, tropecei em ti, não ouvi teu grito de socorro, eu estava tão perto e não te ouvi, nem ti vi.
Deixei tua ferida abrir, não cheguei á tempo...
Agora, tua dor lateja em mim.
Teu abstrato, é o vazio daquele copo, o sabor daquele beijo, o perfume dos nossos olhares, o fervor do corpo banhado.
E por estas mesmas linhas, derramo lágrimas...
A ferida é concreta!


JACYARA OSÓRIO

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Promessa



À um amor ainda não conjugado...





Naquela cidadezinha onde o amor cheira a lodo e a alegria brota pegajosa, mais nada acontece. E as coisas falam por si só.
Sentada, parecia esperar a vida passar. Esperava e não sentia. Eu já não me tinha importância.
Em um momento, sem data nem hora, a minha boca aprendera a balbulciar outro nome,ainda sem tanto sentido pra mim, e meu coração a bater por ele.
E aí, pelo vento ou sei lá por quê, ouvia ecoar risos do fundo da minh´alma, com vários "s" no final. Risos, verdadeiras promessas dissolvidas em ar e em água na boca, apetite de um novo amor.

Ah! Como é bom está com ele... "mais bom que bombom!"
Dormindo ou acordada, estou sempre a sonhar... as nossas pupilas se dilatam à medida que nossas bocas se unem em sorrisos , neste escuro que nos decifra e ilumina de felicidade. Alheios ao barulho que neste instante nos ensurdesse e nos abstem das coisas do mundo, aliás de outro mundo, este que nada sabe sobre agente e menos, da perfeita sincronia dos nossos corpos.

Nossos pêlos se abraçam e se arrepiam ... e o frio daquela noite é o calor daquele sol de meio-dia! Seu suor, em uma performance frenética, me banha como gotas salgadas de chuva a penetrar no mais íntimo dessa terra ainda tão pouco explorada , e então, só flores!


JACYARA OSÓRIO

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Quem não tem!?


Tava aqui a pensar sobre pessoas...e mesmo sabendo que esta é uma discussão digna de começo apenas, com muitas vírgulas, adjetivos e provalvemente sem pontos finais nem no singular nem no plural.. Tentarei...

Bom!Sem grupos ou classificações, as pessoas, do caso reto,ou em português bem vulgar...eu, fulano, citrano,etc... se diferenciam ou se personalizam por uma característica expontânea que venha a despontar com mais excesso nelas, o que são as manias.

Manias... quem não as tem!?. Essas são companheiras de todos os momentos inclusive nos atrasos, porque são elas que os provocam.

Eu, a primeira pessoa, em nível e intensidade de manias, elas chegam a se tornar um hábito... lavar as mãos,é, se por algum descuido uma das mãos molhar, a outra também tem que ser molhada, parece que eu não estou sendo justa se isso não acontecer. Hum! Abaixar a chave do gás sempre que for dormir e pelo menos um milhão de vezes levantar da cama e conferir se de fato abaixei. A mania de não confiar em mim ou sei lá o que eu penso nesta hora, continua com as horas, eu olho e olho e olho. Ah!fechar a porta, dar duas voltas na chave e voltar do meio ou ,quem sabe mais, do caminho pra ter certeza... e apagar a luz com uma e depois com a outra mão, fazer o sinal da cruz incontáveis vezes, contar os quadradinhos das calçadas... assim, só coisas mesmo que não atrapalham as pessoas, e por falar em pessoas...

FULANO,este tem manias de intelectual, um tanto quanto etnocentricas, mas bem menos agressivas a saúde mental do que as manias do grupo EU, até porque, para eles o problema está sempre nos "EUs" ou nos "CICRANOS", nunca neles próprios...

Pois é, FULANO, que música boa, só a do Chico, livros os melhores são os que ele leu, o estilo de vid ideal é o dele... E não entende que a as pessoas podem também e sobretudo encontrar a felicidade dançando alguma daquelas Frutas tão famosas, ou curtindo um forró, ou, pessoas que não leêm porque não sabem ou porque não SABEM, acham a felicidade numa dessa boates sufocantes de perfumes caros e roupas transadas. As pessoas tem o direito até mesmo de dar um rumo ao seu dinheiro, umas investem e outras in-VESTEM.

E CICRANO, é o mais normal de todos e todos os outros tem um pouco dele...

Tem mania de "tá bom!" Tudo pra ele é a melhor coisa do mundo, está safisteito com tudo... você deixa uma pia cheia de louça pra ele lavar, ele vai de bom gosto e corre o risco dele pedir desculpa pela demora...kkkkkkkkkkkk

Essas pessoas são eu,tu, ele ... escolha quem é e identifique suas manias...

Afinal, cada louco tem suas manias...


JACYARA OSÓRIO

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Só depois...

Sobrou desse nosso desencontro um conto de amor sem ponto
final.Retrato sem cor jogado aos meus pés.E saudades fúteis. Saudades frágeis.Meros
papéis... Chico Buarque de Holanda

A cena era; final de tarde, o sol sangrando no horizonte, tão lindo e tão triste, parecia doer muito aquela breve despedida;pés descalsos recostados naquele banco onde minhas pernas sentiam-se abraçadas pelos braços e os joelhos a apoiar o queixo, em uma posição de exaustiva espera.O vento, desajeitado, fazia meus cabelos moverem-se em um vai e vem que imitava as ondas do mar.

O cenário era perfeito,não podia ser melhor!

Mesmo não tendo pensamentos e vivências dignos de um conto de fada... lá estava eu, mais uma vez a espera da felicidade, ou o que eu achava que era a felicidade.

E lá vinha Ele...

Corria...e corria muito!

Mas mesmo seus longos passos estavam atrasados para aquele que era o nosso momento! Ele chegou tarde demais, chegou quando o NÓS desfei-se. Chegou quando os nossos mimos e gostos eram outros. Chegou depois da sobremesa, depois do PARABÉNS, depois do melhor da festa... Na hora do ADEUS...

É , adeus,de repente Ele me preenchia de tanta ausência que a Ele e entre nós dois só cabia mesmo um adeus.

Ele correu muito;estava cansado, eu também.

Estávamos cansados de correr separados mesmo estando juntos, um dentro do outro. Passos largos que nos distanciavam de nós mesmos e nos tomavam do amor que sempre quisemos preservar.

Está certo! Nós deixamos pra nos amar só amanhã, ou depois do trabalho, ou depois daquela crise familiar...nos atrasamos mais uma vez!



JACYARA OSÓRO



terça-feira, 14 de outubro de 2008

Palavras ao vento


As palavras daquele livro favorito pareciam ter vida própria, neste instante nem sei se existo ou se sou mais um daqueles personagens com crises existenciais que tanto me cativam. Uma vírgula. Muita concentração. De repente me perco em meio a todas as coisas materiais e abstenho-me em meus pensamentos. Aprecio aquela linda paisagem que foge a cada piscar de olhos, a cada centímetro que avanço rumo ao nada ou onde quer que seja, não importa, ela foge. O virar de páginas se finda. Meus olhos não tem onde mais se fixar... as árvores passam por mim e tão logo se despedem; carros outrora tão reais se minimizam e se perdem conforme o vento toca o meu rosto e conforme a pressa do motorista.
É sempre bom respirar novos ares, vislumbrar os céus das casas vizinhas e banhar de outras águas; nem que seja para no fim de tudo optar por aquele velho e furado costume de ver outdoors no percurso do ônibus.
Pisar em terras alheias... é algo energizante para o corpo, dá um novo tom àquela alma pálida de um corpo que neste instante é outro.
Outro, não porque alheio. Não porque indesejável. Não porque pior.
Um corpo que parece independer do nome, do número do sapato , da fome.
É leve! Como nunca antes fora...
E lá estava eu... tão menos interessante que cada um daqueles grãos de areia que tanto se diferenciavam e se confundiam no pisar daqueles passos desorientados por aquela visão. Era o mar. Não apenas um mar... mas, um lindo mar! Aquele de sempre. Aquele de nunca, aos meus olhos!

Jacyara Osório

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

E sem tempo


Um momento à dois...
tic tac!
corações na garganta...
tic tac!
Aceno de prazer...
tic tac!
Fervura entra pernas...
tic tac!
Gozo embebido de encanto...
Não existe tempo
Dois em um...
tic tac!
Líquido viril sedento de amor...
tic tac!
Porta fechada
Cara lavada
Um sem dois
Um sem nenh(um)
E sem tempo!

JACYARA OSÓRIO

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Era uma casa muito engraçada mesmo


Era uma casa muito engraçada...

Não tinha tudo, não tinha nada...

Lembro bem daquele cenário de tantos risos, tantos pés que chegavam e sambavam aquele pagode improvisado na mesa da cozinha e arriscavam até uma coreografia meio bamba, meio embriagada...

Ouvia uma certa música que nem sei ao certo se saia de dentro de mim pela felicidadede em ver tanta gente querida junta e animada, ou se vinha daquelas bocas desafinadas mesmo, só sei que gostava muito. Sei que naquela época eu era como um quebragalho, moleque de recado.. vai ali chamar fulano, pega uma cerveja, abaixa essa tv, pega uma cadeira pra cicrano; mas se fosse pra está no meio deles, já valia a pena. Ia lá umas crianças da mesma idade que eu, nem queria saber, eu queria era sambar naquela música que nem meus pais e ser feliz como eles.

Tinha gente no chão, outros comendo com a mão, uns doendo a barriga... mas, sempre com um sorriso no rosto. O meu pai contava umas piadas, que nem se sei se eram mesmo engraçadas porque neste momento ele sempre mandava eu ir brincar, ou cismava que ouvia alguém me chamando, mas na verdade nunca tinha ninguem me chamando. Eu acho que nessa hora ele ficava meio louco.

A minha mãe, essa adorava um samba!!!

E aproveitava a galera pra fazer o almoço, que nunca foi seu forte... Aí inventava logo uma maria-isabel, que aliás era a única coisa que ela sabia fazer... além do ovo cozido, é claro!

O irmão mais velho, que saco, morria de inveja dele, estava sempre introsado e as pessoas falavam com ele como se ele ja fosse "grande" e o meu pai não mandava ele ir brincar na hora das piadas...

O irmão do meio ,o "mais preto", como brincava meu avô, esse dormia, desde o início da festa e mesmo quando acordava, parecia dormir... para ele tanto fazia às vezes, outras vezes reclamava a bagunça e a zoada. Só queria saber do almoço, se tava pronto!!!

E eu, a caçulinha do papai, tava sempre com os pés preparados para o samba e a boca ensaiando sorrisos para os conhecidos e para os que meu pai teimava em me apresentar dizendo:- essa aqui é minha caçula. E eu aind tinha que ouvir do outro lado a pessoa dizer:- eita!, mas ela tá grande. Passava ano e saia ano e ladainha ainda era a mesma. Eu tava grande mais não podia ouvir as piadas do pai, do que adiantava?

Era uma casa muito engraçada...

tudo terminava em festa... familia grande, vizinhança amiga e muitos amigos...

Ah! meus pais sempre foram muito queridos;por pés pretos, brancos, gordos, magros, esquisitos e feios... todos sambavam o mesmo samba...

E era feita( a casa) com muito esmero também...



JACYARA OSÓRIO

Encontro




"A vida é sopro, oblívio, nada antes, nada depois."Caio F. Abreu


E lá estava ele... esperava e não esperava. Seu tempo não permitia nada que não fosse o desperdício de suas vanglórias e gabações para a alimentação de sua alma pôdre e petulante. Mas, sem perceber ele esperava... noção alguma de tempo já não tinha, por se manter alheio até mesmo ao brilho do sol e a claridade das estrelas. Preferia sem dúvida o "brilho" da lama refletido pelo luar, ou mesmo o "brilho" imanado por aquele lodo empregnado de um porão escuro, era ele.


Esse era ele. Só sei que já não sabia quantos cigarros acendera ali sentado, cansadoe calado; quantos olhares desconfiados lancara ao seu redor ou mesmo quantos passos alheios contara como uma espécie de passatempo. O tempo passava impiedosamente e cada minuto funcionava como um pontá pé na bunda, que naquele instante não servia nem como um aliviador de tensão e/ou passagem para matérias inoportunas, ela estava lá, parada, sentada sem serventia nenhuma,como sendo uma companheira fiel de seu dono, só lhe cabia esperar com uma certa dormência, não tinha nem nõção do quanto esperava, se um dia, uma noite, uma parte de uma novela, ou talvez a vida toda...


Em meio a toda a sua arrogância e macheza, mesmo assim lá estava ele em uma posição de entrega e de espera... corpo arqueado pra frente espiando apetitosamente um abraço; cigarros entre os dedos em um ar de fúria a soltar fumaça, e a bunda amassada, mas sempre descansada... Sem sentir, esperava. E essa espera cada vez mais o tornava inatingível... tamanha era a sede que o encegava, deixava passar despercebido o beijo do vento e o flerte com as estrelas, que mesmo assim, em virgília o acompanha e protege.


O momento é este, o eclipse se consuma e tal fenômeno mágico e encantador se perpetua nos olhos pacientes de quem sabe que momentos como esse, o sol e a lua juntos, tardam a acontencer, mas, acontecem, hoje ou no fim da vida, eles se encontram e se beijam.


E Ele, com medo desse encontro que tanto esperava passar despercebido diante da bunda amassada e dos pés repousados pela espera; levanta, acende o último cigarro do masso e segue em frente ao encontro Dela.


JACYARA OSÓRIO





domingo, 14 de setembro de 2008

Como dizer adeus?!





"Pois é no não que se descobre de verdade o que te sobra além das coisas
casuais" Los hermanos

As coisas já não acontecem...
Roubaram o amor de mim.

Sinto-me mutilada!
Amor desobediente...

Forasteiro... levou o vento que soprava a minha dor...

E agora?

O espelho embassado do nosso amor, não reflete sequer a sombra Dele dentro de mim.

Não quero livro, nenhum riso ou risco... sombra ou água fresca!

Não quero nada! Só o nada me basta. E nada mais me basta.

Não tenho mais uma imagem onde possa projetar uma paixão.

Nem ao menos um perfume pra sentir ares impuros de traição.

Não tenho a dor.

E pobre de mim, ôca, sem ter uma dor pra me queixar e me fazer sentir mais forte no fim do percurso.

Não tenho mais do que reclamar

E sem sentido assim respiro! É o que me resta...

Não sinto sede. E era essa sede que me saciava e me alimentava e me embebia.

Ele proibiu as lágrimas de amargarem minha boca; os pensamentos de O acordarem; as palavras de pronunciarem meus sentimentos; os pés de acariciá-lO nas noites de frio.

Agonizou o sorriso de reconhecê-lO , donO desse cão que fareja seu suor.

E feito um ditador, entrou e saiu, pintou e bordou, fez e desfez; e tamanha foi a velocidade que mal percebera que existia vida neste coração que tanto serviu de saco de pancadas.

Ele se foi... nem sei se já esteve em par comigo.. Um dia ou uma noite. Sol ou lua.

Um fora da lei.

Estragou tudo!

O encontro de mãos...

O cafuné nos pés...

A cara amassada...

Ele estragou tudo!

E desde que nasci nunca tinha me sentido tão desprotegida.

E agora estou aqui. Sem hoje, sem vida , sem rumo...

Morreu um querido dentro de mim. E é uma pena que ainda não aprendi a dizer adeus... ´Será que o tempo parou e me atrasei mesmo assim pra o nosso amor?

Ah! Mas, o tempo não pára...



Jacyara Osório

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

ACORDA, AMOR!



Ei tem alguém aí?
Êeeei...
Amor, levanta desse sofá... suas costas, elas vão ficar doentes.
Olha seu cabelo. Que horror...
Há horas você não toma banho.
Por que não atende a ligação dos seus amigos???
Anda!
Você precisa escovar os dentes, já esta quase anoitecendo e você nem sorriu, nem tomou café, nem leu seu livro predileto, nem assistiu aquele filme de luta, nem deu um bom dia a ninguém.
Ah, você está tão caidinho.
Vamos! veste aquela roupa colorida e meio rasgadinha que quase nunca sai do seu corpo, você adora, né?
E ... sei lá...
Lava este rosto, abre as janelas.
O dia continua lindo!
O papo com os amigos continua animado.
E a cerveja então, nem se fala, continua bem gelada.
Reaje, amor!
Estou lembrando o quanto você fica lindo assim se olhando no espelho.
Estou gostando de vê.
Só falta aquele sorriso, vai.
Ah, não!
Não chora!
Não, não...
Essa música, não.
Você fica tão triste, e ai...
Pára!
Eu te amo.
Eeeeeeeeeeeu te amo, ouviu?
ôh, por que você não me escuta?
Amor,sai desse chão, ele está muito gelado...
Amor...
Amor...
Não faz assim...
Tira essa música.
Ela é linda, mas...
É a nossa história, né?
Amor...
Reaje!
Eu estou aqui...
Sente?!
Por que você me afasta...
Sorria!!! Eu estou aqui...
Grita!!! Eu estou ouvindo...
Comemora!!! Um dia eu volto...
Sonha!!! A gente ainda vai ficar juntos...
JACYARA OSÓRIO

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Pobre José!


Quão miserável foi José, emoldurado em uma figura de “pobre coitado” e nem tão necessário seria o emprego desse adjetivo composto para cristalizar o seu estado de ínfima reverência.

Um homem comum; um homem qualquer... um homem Ninguém!

De José foi abstraído tudo...

Até mesmo o nome que aí jazia confirmando a tua fraqueza e teu desequilíbrio... Não é por menos... José não suportaria embeber o mofo, festejar na solidão e ainda encontrar tantas pedras assim pelo seu caminho. Sinto que Drummond ao dedicar a José tal fardo, zombava e galhofava e esperneava, com o desdém de quem tira o doce da boca de uma criança.

E agora José?

Cadê a tua voz, teu protesto???

Sem razão, sem vida e sem tempo. Vamos José... Só mais um pouco, sinto tua boca seca, está cansado, mas... ainda está no mesmo lugar; na sarjeta entregue aos vermes e aos perdões; tua luta é vã.

Perdeu de um pouco um tudo... E será que tudo acabou?? Não José... tu ainda tens muito discurso pra calar; muitos abraços pra sufocar e não menos cuspe pra engasgar... É José, tuas antíteses ti edificam e por mais enjoado que possa parecer; é por isso que tua representação nunca foi guardada senão naquela última gaveta do nosso armário, aquela da bagunça e das tralhas que somente ocupam espaço e não despertam apetite algum.

Lamentável José... tão doces foram as tuas sedes e fomes e incoerências; tão doces que escritos em versos e poesia; esboçava um sorriso sarcástico e esbanjador de materiais pueris. Hoje, tudo acabou...inclusive tua festa!!! E o que ontem cabia em poesia, neste instante e depois e sempre, apertado, se comprime em uma prosa mal acabada e mal começada...

É José ... Nessa prosa não tem lugar para elogios, nem doces, nem agrados, nem excessos... Não condiziria contigo.

Pelo visto teu mar secou e tua porta, aquela que te abriria um novo horizonte capaz de ti fortalecer e afirmar tal plenitude, já se fechara faz tempo, e a mim, só resta agora apagar a luz...

JACYARA OSÓRIO

Linda



Minhas mãos vão aos olhos...
E destoa aquela tão familiar visão bitolada e meio turva do meu interior.
O sol estava preto, a lua tristonha... eles foram embora!
É tarde!
Que linda tarde...
Eu estranho.
Faz calor... e que calor!
Essa sensação estreante deixa moribunda as rugas , velhas amigas daquele frio. Um frio oportunista que golpeava a alma e tripudiava na escassez de entusiasmo que residia em minha vida.
Tudo era frio e feio e nunca.
Olho pra ela... está em êxtase!
E tamanha é sua alegria que sinto minhas pernas desnutrirem-se e os olhos cegarem. Não. Eu não posso não enxergar este canto e tampouco regurgitar essa exuberância.
Seu calor me enfraquece e me assopra...
Sua soma me alimenta
E como posso não perceber esse sorriso?
Que natureza bela!
É ela... razão do meu conto e do meu canto!


Jacyara Osório

Escrever...


Ou um nome ...
Um recado...
Uma carta...
Uma canção...
Escrever é um exercício que embora faça parte da nossa rotina, não perde seu encanto.
É um contínuo desvendar-se;
É um mergulho nos recantos do inconsciente.
É uma cumplicidade entre as linhas e o “entre” elas.
É uma carência compulsiva que se ameniza com o olhar confortante do outro.
É um encontro de almas.
Um culto ao amor.
É solidão
Companhia.
É desabafo.
JACYARA oSÓRIO
"É um tanto áspero escrever para meus ouvidos, nunca acerto o ponto. Ou salgado ou insosso...”
Jacyara Osório

Diário de uma amante!


Bom dia meu lindo!!!
Eu sempre falo isso quando eu acordo... e às vezes nem percebo se tem alguém.
Todos os dias desejo à você “bons dias e boas coisas”, converso, e choro e tenho certeza que me escuta e me entende...sinto você em todos os meus momentos.
Parece loucura... ou pelo menos é o que as pessoas dizem...Mas,eu sei que não!
Não é loucura!!! É algo bem próximo disso... é amor!!!
É a minha maneira de suportar a sua ausência e a sua frieza...
Meu dia acordou bem e feliz, aliás, sempre acorda... os problemas são os mesmos; sinto saudades dos meus queridos; a universidade está lá e o café continua quente e preto! Nem queria tomar banho... quando penso naquela zoadinha da água caindo já me dá um frio!!!
Êita, estou atrasada, mas eu tenho que trancar a porta duas vezes. É mania. Ás vezes, volto do meio do caminho só pra vê se fechei mesmo, uma ou duas vezes.
Não é loucura!!!
Tenho muitos amigos e um singular inimigo, o relógio, sabe? Saiu de casa com o sol lindo e jovem e colorido; quando volto, ele já ficou preto e feio e foi embora... aí a lua linda conversa comigo e eu pergunto de ti.-Será se ele jantou? Então ela me promete que cuida muito bem de ti. Ela é minha amiga, e por isso também te ama e não vai deixar que nenhum mal ti aconteça. Eu prometo!
Espera aí.
Meu telefone está tocando e gritando e chamando... será que é você??? Não, não é você. Nunca é você.
Mas, era a minha mãe pra saber se eu jantei.
Por que será que as pessoas quando amam se preocupam com o jantar das outras?
Ah, sei lá...
Meu querido, meu amor, meu lindo...
Estou com sono, há essa hora até o “Jô Soares”já foi dormir e meu dia amanhã precisa ser feliz e bonito como foi o de hoje e o de ontem e o da semana passada. Então eu preciso dormi e você também... mas você já está dormindo, eu sei.
“Boa noite meu lindo!”
Eu também sempre digo isso quando vou dormir e te desejo “bons sonhos e boas realizações”.
Enquanto escrevia, estava aqui pensando e decidi.(...)
Sinto muitas saudades, de verdade e sempre!
Volto a dizer: Não é loucura, é amor!
Então ta...
Beijos, um monte!
P.s:
Desculpa o incomodo. Ah, você sempre desculpa.


Jacyara Osório

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Mais uma vez!

Os meus passos me cansam em me levar para londe de ti, para longe da gente, das nossas histórias, das nossas manias...
Estou exausta!
Meu coração faz o sentido contrário neste caminho mal trilhado.
Um verdadeiro cabo de guerra!
Meu coração é mais forte, porém faz tempo que não se alimenta... Tem saudade; fome de carinho, fome de amor, fome de presença...
Ao vê-lo parece que as minhas mãos quando o apalpa enchem-se de esperança, que como tempo acaba por escorrer entre os dedos. E mais uma vez o vazio, a saudade...
A minha lembrança procura uma recordação de momentos felizes e palavras afetuosas vindas de você ( é em vão...). Elas serviriam como um colo acolhedor, que me faria recuperar as forças e dar uma razão de ser aos meus impulsos.
Não lembro de nada... nenhum SIM, nenhum "eu te amo"...
Sua boca é orgulhosa!
Boca desaforada que me escarra palavras fortes em um tom frágil e inseguro.
O suspiro do vento me leva para o caminho do esquecimento.
Eu não quero ir!
Eu não posso deixar de olhar pra você, para os seus olhos...
Ah! Esses me amam e me sorriem mesmo em um ato de reprovação.
Transbordam segurança e sentimento.
Eles te traem e me confortam.
Estou sentindo uma brisa tão agradável, agora está tudo calmo.
Vem...
Senta aqui do meu lado...
Vamos "caminhar" mais uma vez juntos!!!

Jacyara Osório

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ele

Lá vem Ele... e, desastrado e inconveniente, apropria-se de meu ser sem pedir licença, causando surpresas nem tão agradáveis assim!
Uma visita inesperada, que desperta uma sensação de pavor, repulsa, como a que no corpo manifesta depois de uma tempestade.
O corpo está febril, trêmulo, sem vida e sem tempo...
Eu resisti. Durante muito tempo a minha'lma sucumbia à presença deste hospedeiro intruso, faminta, sedenta, vazia... Meu reclama a todo istante.
Ele é mesmo paralisador... sinto como se meus sentidos não atendessem a meu comando, um corpo ressacado pelo efeito desse parasita traiçoeiro.
Ele me faz ter alucinações...lembro de uma vida que o passado me roubou, de um homem que a felicidade me emprestou e de um sentimento que não cicatrizou...
Sinto um gosto amargo...
Tudo culpa Dele!
Esse gosto é uma súplica pela presença de algum momento que se faz necessário reviver e adoçar essa boca que tantas vezes teve que aprender a dizer "adeus" aos passeios de mãos dadas, aos sussurros ao pé do ouvido, enfim a todos os simples e lindos momentos que eu passei do lado da pessoa mais especial da minha vida.
Ele não me faz bem...
Ele está em cada ligação não recebida; em cada noite mal dormida; em cada presença ausente; em cada mão solitária; em cada palavra carinhosa que se engasga; em cada segundo de espera...
E ao contrário do que, um dia, disse o poeta; Ele não me alimenta... me enfraquece, me despreza, me humilha...
Ele me faz morrer um pouco a cada instante... uma morte doída, calada, covarde... uma morte em vida!!!

Jacyara Osório

sábado, 9 de agosto de 2008

Oeiras: Para sempre invicta!!!!


Após um exílio forçado, a saudade me implorava para sentir o cheiro da terra...
A terra que me pariu , onde germinei e que me deu o suporte necessário para alçar um vôo longinquo e enfrentar os dias ruins.
Em meio a morro e ladeiras; a loucos e poetas ali regresso...
E invicta como sempre, sob os pés da Virgem Vitória, Oeiras lembra um retrato recém pintado a punho livre, com expressões e costumes que nunca mudarão, nem mesmo com os fortes ventos de verão. Um vazio onde as coisas acontecem, onde a simplicidade impera e a fé se prolifera.
Oeiras de uma rotina que inspira poetas e de uma volúpia que atormenta os sãos...
Cidade de hábitos simples; noites amenas e política assirrada...
Uma casa bem visitada por amigos e filhos pródigos, principalmente em suas quatro festas do ano. Todos vergonhosamente enganados...
Oeiras é uma festa, não pelos seus diversos Forros folias, tampouco pelas reuniões de pessoas em ocasião de férias, pelo contrário, Oeiras, com o mesmo charme de uma moça tímida e meiga, encanta pela simplicidade, pelas teias de aranha do centro histórico; pelo cheiro de mofo de suas catedrais; pelas longas e mal calçadas ruas; pelo sentar nas calçadas as 6h; pelo sonoro riso dos pásssaros contemplando seu céu azul; pela missa seguida de almoço em família aos domingos; pelo caderno de fiados da quitanda vizinha; pelo conhecer o filho pelo pai; pelo sino que toca... Enfim, pela glorificação de palavras abstratas, tais como: tradição, fé , amor...Palavras de significados essencialmente palpáveis.
Oeiras que tem sua história contada pelos cabelos brancos da esperiência que, pelo adiantar do tempo, confunde lenda com sua religiosidade. Cultura bebida direto da fonte, passada de avô para neto por meu de um anedotário fascinante.
Oeiras da fé e do pecado!
Oeiras de amores e de amantes!
Oeiras ...
Oeiras...

Jacyara Osório

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Colo de mãe!


É sempre bom esparramar-se sobre o colo de mãe...
é ele quem ouve e chora pelos nossos problemas; ri com as nossas realizações e grita com o nosso desespero...
Sempre saudável e bem desposto, orgulhoso e acolhedor...
É pra ele que sempre corremos para reclamar dificuldades, alimentar esperanças e acalentar nosso espírito de criança...
Só que este colo outrora tão forte e tão seguro, neste instante padece sangrando, ferido e em chamas...Vejo-o apático e carente reclamando seu arco-íris preto e branco.
As coisas mudam de lugar... e sua performance parece inodora!
A mulher que antes me ninara com histórias engraçadas, neste momento chora deitada em uma cama e nem sequer percebe que esta é a maior das ironias...
Seus movimentos firmes e autoritários camuflam-se em sonolentos piscares de olhos...
Sem força, sem vida, sem prazer...
Aquele porto seguro está passando por uma tempestade... e aquela mão que tantas vezes me segurou agora precisa de um calor... de um afago, de um aceno e se possível for, precisa do encontro das minhas duas mãos em um ato de vigília e de reza!
Preciso que minha mãe fique boa logo!!!
Quem vai me segurar nas quedas que ainda estão por vir e quem vai me perdoar pelos erros que ainda hei de cometer????
Mãe o seu corpo está ferido, precisa de cuidados, mas seu espírito e sua força pra sempre permanecerão intocáveis...

Jacyara Osório

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Carta a uma amiga!


Querida amiga,
tu reclamas que nada sabes de mim...
não ouves transpirar por meus lábios o esboço do que é a minha vida...
se estou feliz; como vai meu namorado; e a mãe, tá boa?; o que fiz do fim de semana... coisas normais que qualquer pessoa teria o prazer de comentar, mesmo que como uma ação reflexiva , impulsiva, sei lá...
O que acontece é que minha vida anda longe de ser como as outras, não tenho nada concreto que possa contar, me vangloria ou reclamar...
O que tenho são incertezas, do que adiantar falar se são lembranças?
As lembranças são traiçoeiras e ilusórias...será que vou sempre ter que viver de lembranças?
Cansei de lembrar e fazer de minha vida lembrança de momentos que certamente foram bons, mas que ja não me pertencem mais...
As pessoas que mais amo se tornaram personagens de meus pesamentos, nenhuma emoção, nenhum movimento...
Guardados como fotografias, sem cores, claro que com um certo charme, mas só...
Estou sempre tendo que me lembrar e me despedir...cultivo relacionamentos virtuais...
Sou uma expectadora do meu fracasso e da minha solidão...
Na verdade nem eu mesma sei o que sou, se sou algo ou alguma coisa...
Me decepciono a cada dia com o que meu corpo carrega. Sou um corpo que desperdiça até o grão de areia que traz no pé.
Tenho medo de nomear meus sentimentos e tu perceberes que o silêncio melhor disfarçava minha condição de nada.
Sou nada, ainda que já tivesse sido tudo!
Sou renúncia, despedida...
Não sei se amo, pois a vida se encarrega de me fazer despedir de quem eu queria abraçar.
Hoje as minhas palavras não conseguem abraçar nem mesmo os meus amigos, elas são covardes, reconhecem apenas aquele papel cansado de enxugar as lágrimas e escutar minhas lamentações.
Tenho inveja desmedida dos poetas, estes que conseguem cantar o amor, a tarde de sol, a aurora, a lua dos namorados...
As minhas poucas e mal traçadas linhas se desviam sempre para o clima sombrio do porão dos meus sentimentos...
De onde vem tanta tristeza?
Jacyara Osório

pobreza de espírito!


Hoje estou triste!
A minha vida é um saco...
Isso eu falo sem nenhum remorço e sem nenhuma consideração por aqueles que vêem suas vidas passarem em baixo de um viaduto sentindo frio e fome.
Por que a dor deles tem que ser maior que a minha????
A dor deles é de todos nós que vivemos em um país falido.
E a minha é só minha... fere minhas entranhas como a fome e me petrifica como o frio.
E ninguém tem compaixão de mim, meu sofrimento não aceita esmola e não se conforta com um agasalho...
E ainda assim ninguém se comove...
Vivo como um indigente, não tenho amor, alegria, uma mãe por perto pra reclamar a bagunça, um pai presente pra contar piadas repetidas, um domingo em família, uma mão pra me abrir a porta ou alguém a quem dar satisfações...
E por que a dor deles tem que ser maior que a minha?


Jacyara Osório

domingo, 3 de agosto de 2008

Onde está a esperança?

Enche-se muito a boca em falar em "criança esperança".
Mas que esperança pode ter as crianças carentes desse país?
Elas não precisam de esmolas , e sim de educação, carinho e reconhecimento...
A midia satisfaz-se apenas em fazer um show beneficiente do tipo "pão e circo", onde os palhaços estão sempre garantidos, vão sempre existir e "abrilhantar" esse show.É uma forma de camuflar o seu espírito egoísta e alimentar ilusões nos brasileiros, fazendo-os pensar que estão fazendo sua parte... Acontece que a "parte nessa conta" que a midia tem não é tão barata assim...
Na verdade, não passa de sua obrigação tentar neutralizar as mazelas de muitas famílias... é uma pena que uma campanha de 1 ou 2 dias pouco pode fazer, no máximo, consegue uns poucos trocados que em alimentos se converte em nada. Essa era uma campanha que deveria ser feita em tempo integral, objetivando não se promover diante do sofrimento do outro, mas despertar o espírito solidário que o brasileiro já possui.
Um show tão pobre que tenta iludibriar o público desviando sua atenção dos problemas reais com alguns rostinhos bonitinhos e angelicais. Fazem sorrir, cantar,... o que pouco se percebe é que é a pobreza, a violência e a carência que forçam esse riso. É um tom de muito mal gosto. É um "rir da desgraça do outro". O que não se percebe também é que uma criança com um vazio no estômago, não canta, não dança, não ri! então esse show é em vão...
O discurso é muito bonitinho, fala-se em mudança, esperança, amor, ajuda...afinal tudo vale pra subir uns pontinhos na audiência, não é?
Então eu pergunto:O que a XUXA ou a GRAZI ou tantos outros globais de rostinhos bonitinhos sabem da fome?
Quantos restaurantes caros eles deixaram de frequentar para por um pão na boca de um desses miseráveis?
Se depender de programas como esse, esses miseráveis nunca deixarão de existir... pra minha tristeza!
Eles servem como um investimento, uma propaganda, uma indústria...

Jacyara Osório

nostalgia

Lá fora é festa!
Aqui dentro o silêncio faz barulho... soa como um grito...
Um grito de socorro...
Ninguém escuta!!!
As vezes acho que não faço parte mais deste mundo.
Não gosto das mesmas coisas que a minha geração gosta;
Não compreendo o que tem de engraçado em programas de TV;
Não gosto de pessoas legais, na verdade, elas me irritam.
O que acontece comigo???
Não me diverto mais em falar besteiras, nem sei mais falar... o silêncio fala por mim e me faz entender.
Os pensamentos me fogem...
Eu penso nele... no cara que amei, amo e certamente enquanto viver, o amarei; mas engraçado!Eu não consigo mais pensar nos bons momentos que inegavelmente tivemos juntos, lembro das traições, brigas, desentendimentos... eles falam mais alto e sem dúvida fizeram maior estrago!
E mais uma vez os pensamentos me fogem.. e nesse momento faço companhia para a solidão. Ela é a única que me entende sem me julgar. Amiga dos momentos difíceis!
Me olho no espelho e não reconheço o reflexo.
Pôxa! Eu não era assim... eu era feliz, sorridente, amigável e principalmente rodeada de amigos...
Onde tudo isso foi parar?
Será que perdi junto com o homem da minha vida?
Ou será que todos continuam onde sempre estiveram e eu é que me perdi?
Nenhuma zoada, abro a torneira e procuro a água... até que enfim um ruído, embora melancólico, um ruído!
Lembro que sempre me deparava com umas baratas circulando pela casa e com nojo que tinha delas. Procuro-as, não vejo nem uma sequer, afinal, sábado à noite, elas devem ter ido se divertir... todo mundo vai se divertir no sábado à noite; eu não!
Nessa bagunça nem sei o que procuro só sei que não acho nada... nem a mim mesma!
Então me resta dormir; eu estou com sono, eu acho que estou com sono, eu deveria está com sono!
Será que estou dormindo?
Por que meu sonho tem que ser preto e branco como a minha vida?
jacyara osório