sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Acaso!




"à uma amiga com brasas no coração! "


Debruçada sobre a cama, seu corpo disfarça, parado e calado, a volúpia de seus pensamentos.
Ela está aqui, seu corpo, sua materialidade estão. Sua cabeça voa rumo ao encontro dele, destino certo, entre seus braços. Implora por vê-lo. Percebe um leve vento que seca sua boca e seca também seu chamado. Ah! Como queria dizer que o amava, e de certa forma, amava até mesmo esta expectativa e este não-saber dele. E sorri, descontrolada, ao despertar aquele momento em sua lembrança... ele passava por ela e olhava como quem olha uma folha que cai, tão naturalmente que logo dirige seus olhos a sua bota um tanto surrada e segue a contar passos que o distanciam daquele encontro, e então, mais do que cedo, já esquecera a folha que caiu e a moça que olhou e não viu.
Ela ficou para trás, ou em lugar nenhum... ele sabia menos dela de que dos grão de areia que deixava a cada avanço. Não sabia dela. Sabia de alguns poucos poemas do poeta da moda, algumas poucas canções e uma meia dúzia de bebidas; o suficiente para impressionar o maior número possível de garotas deslumbradas. Era um boêmio. Não tão bonito quanto seus olhos, pretos e rasgados. Nem tão mais inteligente que bonito. Mas, de certo, um cavalheiro.
A folha é tão leve quando cai, que decerto ele nem percebera que naquele instante, de sangue e dor, fazia curar um coração órfão. Ela ferida, ele, protetor.
Agora, ali deitada, ela está a pensar e a afagar aquele lenço, resquício de um quase amor.



JACYARA OSÓRIO

3 comentários:

Luciana Lís disse...

Nêga, Nêga...

O coração é meu, mas parece que está em outro corpo, que pertence a um outro alguém.

Tá muito lindo.

Te amo muito!

Ananda Sampaio disse...

lindo nêga!
perfeito...
como tudoq vc escreve!
=)
=*

Luiz disse...

"à um amigo com brasas no lugar do coração! "

kkkkk. Apenas um trocadilho piegas...

enfim, estou linkando seu blog.
você escreve muito bem.

Abraços.