terça-feira, 26 de agosto de 2008

Mais uma vez!

Os meus passos me cansam em me levar para londe de ti, para longe da gente, das nossas histórias, das nossas manias...
Estou exausta!
Meu coração faz o sentido contrário neste caminho mal trilhado.
Um verdadeiro cabo de guerra!
Meu coração é mais forte, porém faz tempo que não se alimenta... Tem saudade; fome de carinho, fome de amor, fome de presença...
Ao vê-lo parece que as minhas mãos quando o apalpa enchem-se de esperança, que como tempo acaba por escorrer entre os dedos. E mais uma vez o vazio, a saudade...
A minha lembrança procura uma recordação de momentos felizes e palavras afetuosas vindas de você ( é em vão...). Elas serviriam como um colo acolhedor, que me faria recuperar as forças e dar uma razão de ser aos meus impulsos.
Não lembro de nada... nenhum SIM, nenhum "eu te amo"...
Sua boca é orgulhosa!
Boca desaforada que me escarra palavras fortes em um tom frágil e inseguro.
O suspiro do vento me leva para o caminho do esquecimento.
Eu não quero ir!
Eu não posso deixar de olhar pra você, para os seus olhos...
Ah! Esses me amam e me sorriem mesmo em um ato de reprovação.
Transbordam segurança e sentimento.
Eles te traem e me confortam.
Estou sentindo uma brisa tão agradável, agora está tudo calmo.
Vem...
Senta aqui do meu lado...
Vamos "caminhar" mais uma vez juntos!!!

Jacyara Osório

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ele

Lá vem Ele... e, desastrado e inconveniente, apropria-se de meu ser sem pedir licença, causando surpresas nem tão agradáveis assim!
Uma visita inesperada, que desperta uma sensação de pavor, repulsa, como a que no corpo manifesta depois de uma tempestade.
O corpo está febril, trêmulo, sem vida e sem tempo...
Eu resisti. Durante muito tempo a minha'lma sucumbia à presença deste hospedeiro intruso, faminta, sedenta, vazia... Meu reclama a todo istante.
Ele é mesmo paralisador... sinto como se meus sentidos não atendessem a meu comando, um corpo ressacado pelo efeito desse parasita traiçoeiro.
Ele me faz ter alucinações...lembro de uma vida que o passado me roubou, de um homem que a felicidade me emprestou e de um sentimento que não cicatrizou...
Sinto um gosto amargo...
Tudo culpa Dele!
Esse gosto é uma súplica pela presença de algum momento que se faz necessário reviver e adoçar essa boca que tantas vezes teve que aprender a dizer "adeus" aos passeios de mãos dadas, aos sussurros ao pé do ouvido, enfim a todos os simples e lindos momentos que eu passei do lado da pessoa mais especial da minha vida.
Ele não me faz bem...
Ele está em cada ligação não recebida; em cada noite mal dormida; em cada presença ausente; em cada mão solitária; em cada palavra carinhosa que se engasga; em cada segundo de espera...
E ao contrário do que, um dia, disse o poeta; Ele não me alimenta... me enfraquece, me despreza, me humilha...
Ele me faz morrer um pouco a cada instante... uma morte doída, calada, covarde... uma morte em vida!!!

Jacyara Osório

sábado, 9 de agosto de 2008

Oeiras: Para sempre invicta!!!!


Após um exílio forçado, a saudade me implorava para sentir o cheiro da terra...
A terra que me pariu , onde germinei e que me deu o suporte necessário para alçar um vôo longinquo e enfrentar os dias ruins.
Em meio a morro e ladeiras; a loucos e poetas ali regresso...
E invicta como sempre, sob os pés da Virgem Vitória, Oeiras lembra um retrato recém pintado a punho livre, com expressões e costumes que nunca mudarão, nem mesmo com os fortes ventos de verão. Um vazio onde as coisas acontecem, onde a simplicidade impera e a fé se prolifera.
Oeiras de uma rotina que inspira poetas e de uma volúpia que atormenta os sãos...
Cidade de hábitos simples; noites amenas e política assirrada...
Uma casa bem visitada por amigos e filhos pródigos, principalmente em suas quatro festas do ano. Todos vergonhosamente enganados...
Oeiras é uma festa, não pelos seus diversos Forros folias, tampouco pelas reuniões de pessoas em ocasião de férias, pelo contrário, Oeiras, com o mesmo charme de uma moça tímida e meiga, encanta pela simplicidade, pelas teias de aranha do centro histórico; pelo cheiro de mofo de suas catedrais; pelas longas e mal calçadas ruas; pelo sentar nas calçadas as 6h; pelo sonoro riso dos pásssaros contemplando seu céu azul; pela missa seguida de almoço em família aos domingos; pelo caderno de fiados da quitanda vizinha; pelo conhecer o filho pelo pai; pelo sino que toca... Enfim, pela glorificação de palavras abstratas, tais como: tradição, fé , amor...Palavras de significados essencialmente palpáveis.
Oeiras que tem sua história contada pelos cabelos brancos da esperiência que, pelo adiantar do tempo, confunde lenda com sua religiosidade. Cultura bebida direto da fonte, passada de avô para neto por meu de um anedotário fascinante.
Oeiras da fé e do pecado!
Oeiras de amores e de amantes!
Oeiras ...
Oeiras...

Jacyara Osório

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Colo de mãe!


É sempre bom esparramar-se sobre o colo de mãe...
é ele quem ouve e chora pelos nossos problemas; ri com as nossas realizações e grita com o nosso desespero...
Sempre saudável e bem desposto, orgulhoso e acolhedor...
É pra ele que sempre corremos para reclamar dificuldades, alimentar esperanças e acalentar nosso espírito de criança...
Só que este colo outrora tão forte e tão seguro, neste instante padece sangrando, ferido e em chamas...Vejo-o apático e carente reclamando seu arco-íris preto e branco.
As coisas mudam de lugar... e sua performance parece inodora!
A mulher que antes me ninara com histórias engraçadas, neste momento chora deitada em uma cama e nem sequer percebe que esta é a maior das ironias...
Seus movimentos firmes e autoritários camuflam-se em sonolentos piscares de olhos...
Sem força, sem vida, sem prazer...
Aquele porto seguro está passando por uma tempestade... e aquela mão que tantas vezes me segurou agora precisa de um calor... de um afago, de um aceno e se possível for, precisa do encontro das minhas duas mãos em um ato de vigília e de reza!
Preciso que minha mãe fique boa logo!!!
Quem vai me segurar nas quedas que ainda estão por vir e quem vai me perdoar pelos erros que ainda hei de cometer????
Mãe o seu corpo está ferido, precisa de cuidados, mas seu espírito e sua força pra sempre permanecerão intocáveis...

Jacyara Osório

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Carta a uma amiga!


Querida amiga,
tu reclamas que nada sabes de mim...
não ouves transpirar por meus lábios o esboço do que é a minha vida...
se estou feliz; como vai meu namorado; e a mãe, tá boa?; o que fiz do fim de semana... coisas normais que qualquer pessoa teria o prazer de comentar, mesmo que como uma ação reflexiva , impulsiva, sei lá...
O que acontece é que minha vida anda longe de ser como as outras, não tenho nada concreto que possa contar, me vangloria ou reclamar...
O que tenho são incertezas, do que adiantar falar se são lembranças?
As lembranças são traiçoeiras e ilusórias...será que vou sempre ter que viver de lembranças?
Cansei de lembrar e fazer de minha vida lembrança de momentos que certamente foram bons, mas que ja não me pertencem mais...
As pessoas que mais amo se tornaram personagens de meus pesamentos, nenhuma emoção, nenhum movimento...
Guardados como fotografias, sem cores, claro que com um certo charme, mas só...
Estou sempre tendo que me lembrar e me despedir...cultivo relacionamentos virtuais...
Sou uma expectadora do meu fracasso e da minha solidão...
Na verdade nem eu mesma sei o que sou, se sou algo ou alguma coisa...
Me decepciono a cada dia com o que meu corpo carrega. Sou um corpo que desperdiça até o grão de areia que traz no pé.
Tenho medo de nomear meus sentimentos e tu perceberes que o silêncio melhor disfarçava minha condição de nada.
Sou nada, ainda que já tivesse sido tudo!
Sou renúncia, despedida...
Não sei se amo, pois a vida se encarrega de me fazer despedir de quem eu queria abraçar.
Hoje as minhas palavras não conseguem abraçar nem mesmo os meus amigos, elas são covardes, reconhecem apenas aquele papel cansado de enxugar as lágrimas e escutar minhas lamentações.
Tenho inveja desmedida dos poetas, estes que conseguem cantar o amor, a tarde de sol, a aurora, a lua dos namorados...
As minhas poucas e mal traçadas linhas se desviam sempre para o clima sombrio do porão dos meus sentimentos...
De onde vem tanta tristeza?
Jacyara Osório

pobreza de espírito!


Hoje estou triste!
A minha vida é um saco...
Isso eu falo sem nenhum remorço e sem nenhuma consideração por aqueles que vêem suas vidas passarem em baixo de um viaduto sentindo frio e fome.
Por que a dor deles tem que ser maior que a minha????
A dor deles é de todos nós que vivemos em um país falido.
E a minha é só minha... fere minhas entranhas como a fome e me petrifica como o frio.
E ninguém tem compaixão de mim, meu sofrimento não aceita esmola e não se conforta com um agasalho...
E ainda assim ninguém se comove...
Vivo como um indigente, não tenho amor, alegria, uma mãe por perto pra reclamar a bagunça, um pai presente pra contar piadas repetidas, um domingo em família, uma mão pra me abrir a porta ou alguém a quem dar satisfações...
E por que a dor deles tem que ser maior que a minha?


Jacyara Osório

domingo, 3 de agosto de 2008

Onde está a esperança?

Enche-se muito a boca em falar em "criança esperança".
Mas que esperança pode ter as crianças carentes desse país?
Elas não precisam de esmolas , e sim de educação, carinho e reconhecimento...
A midia satisfaz-se apenas em fazer um show beneficiente do tipo "pão e circo", onde os palhaços estão sempre garantidos, vão sempre existir e "abrilhantar" esse show.É uma forma de camuflar o seu espírito egoísta e alimentar ilusões nos brasileiros, fazendo-os pensar que estão fazendo sua parte... Acontece que a "parte nessa conta" que a midia tem não é tão barata assim...
Na verdade, não passa de sua obrigação tentar neutralizar as mazelas de muitas famílias... é uma pena que uma campanha de 1 ou 2 dias pouco pode fazer, no máximo, consegue uns poucos trocados que em alimentos se converte em nada. Essa era uma campanha que deveria ser feita em tempo integral, objetivando não se promover diante do sofrimento do outro, mas despertar o espírito solidário que o brasileiro já possui.
Um show tão pobre que tenta iludibriar o público desviando sua atenção dos problemas reais com alguns rostinhos bonitinhos e angelicais. Fazem sorrir, cantar,... o que pouco se percebe é que é a pobreza, a violência e a carência que forçam esse riso. É um tom de muito mal gosto. É um "rir da desgraça do outro". O que não se percebe também é que uma criança com um vazio no estômago, não canta, não dança, não ri! então esse show é em vão...
O discurso é muito bonitinho, fala-se em mudança, esperança, amor, ajuda...afinal tudo vale pra subir uns pontinhos na audiência, não é?
Então eu pergunto:O que a XUXA ou a GRAZI ou tantos outros globais de rostinhos bonitinhos sabem da fome?
Quantos restaurantes caros eles deixaram de frequentar para por um pão na boca de um desses miseráveis?
Se depender de programas como esse, esses miseráveis nunca deixarão de existir... pra minha tristeza!
Eles servem como um investimento, uma propaganda, uma indústria...

Jacyara Osório

nostalgia

Lá fora é festa!
Aqui dentro o silêncio faz barulho... soa como um grito...
Um grito de socorro...
Ninguém escuta!!!
As vezes acho que não faço parte mais deste mundo.
Não gosto das mesmas coisas que a minha geração gosta;
Não compreendo o que tem de engraçado em programas de TV;
Não gosto de pessoas legais, na verdade, elas me irritam.
O que acontece comigo???
Não me diverto mais em falar besteiras, nem sei mais falar... o silêncio fala por mim e me faz entender.
Os pensamentos me fogem...
Eu penso nele... no cara que amei, amo e certamente enquanto viver, o amarei; mas engraçado!Eu não consigo mais pensar nos bons momentos que inegavelmente tivemos juntos, lembro das traições, brigas, desentendimentos... eles falam mais alto e sem dúvida fizeram maior estrago!
E mais uma vez os pensamentos me fogem.. e nesse momento faço companhia para a solidão. Ela é a única que me entende sem me julgar. Amiga dos momentos difíceis!
Me olho no espelho e não reconheço o reflexo.
Pôxa! Eu não era assim... eu era feliz, sorridente, amigável e principalmente rodeada de amigos...
Onde tudo isso foi parar?
Será que perdi junto com o homem da minha vida?
Ou será que todos continuam onde sempre estiveram e eu é que me perdi?
Nenhuma zoada, abro a torneira e procuro a água... até que enfim um ruído, embora melancólico, um ruído!
Lembro que sempre me deparava com umas baratas circulando pela casa e com nojo que tinha delas. Procuro-as, não vejo nem uma sequer, afinal, sábado à noite, elas devem ter ido se divertir... todo mundo vai se divertir no sábado à noite; eu não!
Nessa bagunça nem sei o que procuro só sei que não acho nada... nem a mim mesma!
Então me resta dormir; eu estou com sono, eu acho que estou com sono, eu deveria está com sono!
Será que estou dormindo?
Por que meu sonho tem que ser preto e branco como a minha vida?
jacyara osório