sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ele

Lá vem Ele... e, desastrado e inconveniente, apropria-se de meu ser sem pedir licença, causando surpresas nem tão agradáveis assim!
Uma visita inesperada, que desperta uma sensação de pavor, repulsa, como a que no corpo manifesta depois de uma tempestade.
O corpo está febril, trêmulo, sem vida e sem tempo...
Eu resisti. Durante muito tempo a minha'lma sucumbia à presença deste hospedeiro intruso, faminta, sedenta, vazia... Meu reclama a todo istante.
Ele é mesmo paralisador... sinto como se meus sentidos não atendessem a meu comando, um corpo ressacado pelo efeito desse parasita traiçoeiro.
Ele me faz ter alucinações...lembro de uma vida que o passado me roubou, de um homem que a felicidade me emprestou e de um sentimento que não cicatrizou...
Sinto um gosto amargo...
Tudo culpa Dele!
Esse gosto é uma súplica pela presença de algum momento que se faz necessário reviver e adoçar essa boca que tantas vezes teve que aprender a dizer "adeus" aos passeios de mãos dadas, aos sussurros ao pé do ouvido, enfim a todos os simples e lindos momentos que eu passei do lado da pessoa mais especial da minha vida.
Ele não me faz bem...
Ele está em cada ligação não recebida; em cada noite mal dormida; em cada presença ausente; em cada mão solitária; em cada palavra carinhosa que se engasga; em cada segundo de espera...
E ao contrário do que, um dia, disse o poeta; Ele não me alimenta... me enfraquece, me despreza, me humilha...
Ele me faz morrer um pouco a cada instante... uma morte doída, calada, covarde... uma morte em vida!!!

Jacyara Osório

Um comentário:

Lara Vanessa disse...

estou me sentindo como você...
não podendo evitar o que, na verdade, não foi nossa escolha,
mas aceitando pra não morrer de uma vez, mesmo viva...
meu coração tah sofrendo, amiga.