quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Encontro




"A vida é sopro, oblívio, nada antes, nada depois."Caio F. Abreu


E lá estava ele... esperava e não esperava. Seu tempo não permitia nada que não fosse o desperdício de suas vanglórias e gabações para a alimentação de sua alma pôdre e petulante. Mas, sem perceber ele esperava... noção alguma de tempo já não tinha, por se manter alheio até mesmo ao brilho do sol e a claridade das estrelas. Preferia sem dúvida o "brilho" da lama refletido pelo luar, ou mesmo o "brilho" imanado por aquele lodo empregnado de um porão escuro, era ele.


Esse era ele. Só sei que já não sabia quantos cigarros acendera ali sentado, cansadoe calado; quantos olhares desconfiados lancara ao seu redor ou mesmo quantos passos alheios contara como uma espécie de passatempo. O tempo passava impiedosamente e cada minuto funcionava como um pontá pé na bunda, que naquele instante não servia nem como um aliviador de tensão e/ou passagem para matérias inoportunas, ela estava lá, parada, sentada sem serventia nenhuma,como sendo uma companheira fiel de seu dono, só lhe cabia esperar com uma certa dormência, não tinha nem nõção do quanto esperava, se um dia, uma noite, uma parte de uma novela, ou talvez a vida toda...


Em meio a toda a sua arrogância e macheza, mesmo assim lá estava ele em uma posição de entrega e de espera... corpo arqueado pra frente espiando apetitosamente um abraço; cigarros entre os dedos em um ar de fúria a soltar fumaça, e a bunda amassada, mas sempre descansada... Sem sentir, esperava. E essa espera cada vez mais o tornava inatingível... tamanha era a sede que o encegava, deixava passar despercebido o beijo do vento e o flerte com as estrelas, que mesmo assim, em virgília o acompanha e protege.


O momento é este, o eclipse se consuma e tal fenômeno mágico e encantador se perpetua nos olhos pacientes de quem sabe que momentos como esse, o sol e a lua juntos, tardam a acontencer, mas, acontecem, hoje ou no fim da vida, eles se encontram e se beijam.


E Ele, com medo desse encontro que tanto esperava passar despercebido diante da bunda amassada e dos pés repousados pela espera; levanta, acende o último cigarro do masso e segue em frente ao encontro Dela.


JACYARA OSÓRIO





2 comentários:

jacyara osório disse...

Inspirado em Caio F. Abreu...

Ananda Sampaio disse...

sei sei..
eu li , lembra?
mto bons, ambos!
me visita porra!
uahsuahuhs
=]
te amo!
=*