quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Era uma casa muito engraçada mesmo


Era uma casa muito engraçada...

Não tinha tudo, não tinha nada...

Lembro bem daquele cenário de tantos risos, tantos pés que chegavam e sambavam aquele pagode improvisado na mesa da cozinha e arriscavam até uma coreografia meio bamba, meio embriagada...

Ouvia uma certa música que nem sei ao certo se saia de dentro de mim pela felicidadede em ver tanta gente querida junta e animada, ou se vinha daquelas bocas desafinadas mesmo, só sei que gostava muito. Sei que naquela época eu era como um quebragalho, moleque de recado.. vai ali chamar fulano, pega uma cerveja, abaixa essa tv, pega uma cadeira pra cicrano; mas se fosse pra está no meio deles, já valia a pena. Ia lá umas crianças da mesma idade que eu, nem queria saber, eu queria era sambar naquela música que nem meus pais e ser feliz como eles.

Tinha gente no chão, outros comendo com a mão, uns doendo a barriga... mas, sempre com um sorriso no rosto. O meu pai contava umas piadas, que nem se sei se eram mesmo engraçadas porque neste momento ele sempre mandava eu ir brincar, ou cismava que ouvia alguém me chamando, mas na verdade nunca tinha ninguem me chamando. Eu acho que nessa hora ele ficava meio louco.

A minha mãe, essa adorava um samba!!!

E aproveitava a galera pra fazer o almoço, que nunca foi seu forte... Aí inventava logo uma maria-isabel, que aliás era a única coisa que ela sabia fazer... além do ovo cozido, é claro!

O irmão mais velho, que saco, morria de inveja dele, estava sempre introsado e as pessoas falavam com ele como se ele ja fosse "grande" e o meu pai não mandava ele ir brincar na hora das piadas...

O irmão do meio ,o "mais preto", como brincava meu avô, esse dormia, desde o início da festa e mesmo quando acordava, parecia dormir... para ele tanto fazia às vezes, outras vezes reclamava a bagunça e a zoada. Só queria saber do almoço, se tava pronto!!!

E eu, a caçulinha do papai, tava sempre com os pés preparados para o samba e a boca ensaiando sorrisos para os conhecidos e para os que meu pai teimava em me apresentar dizendo:- essa aqui é minha caçula. E eu aind tinha que ouvir do outro lado a pessoa dizer:- eita!, mas ela tá grande. Passava ano e saia ano e ladainha ainda era a mesma. Eu tava grande mais não podia ouvir as piadas do pai, do que adiantava?

Era uma casa muito engraçada...

tudo terminava em festa... familia grande, vizinhança amiga e muitos amigos...

Ah! meus pais sempre foram muito queridos;por pés pretos, brancos, gordos, magros, esquisitos e feios... todos sambavam o mesmo samba...

E era feita( a casa) com muito esmero também...



JACYARA OSÓRIO

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