segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Só depois...

Sobrou desse nosso desencontro um conto de amor sem ponto
final.Retrato sem cor jogado aos meus pés.E saudades fúteis. Saudades frágeis.Meros
papéis... Chico Buarque de Holanda

A cena era; final de tarde, o sol sangrando no horizonte, tão lindo e tão triste, parecia doer muito aquela breve despedida;pés descalsos recostados naquele banco onde minhas pernas sentiam-se abraçadas pelos braços e os joelhos a apoiar o queixo, em uma posição de exaustiva espera.O vento, desajeitado, fazia meus cabelos moverem-se em um vai e vem que imitava as ondas do mar.

O cenário era perfeito,não podia ser melhor!

Mesmo não tendo pensamentos e vivências dignos de um conto de fada... lá estava eu, mais uma vez a espera da felicidade, ou o que eu achava que era a felicidade.

E lá vinha Ele...

Corria...e corria muito!

Mas mesmo seus longos passos estavam atrasados para aquele que era o nosso momento! Ele chegou tarde demais, chegou quando o NÓS desfei-se. Chegou quando os nossos mimos e gostos eram outros. Chegou depois da sobremesa, depois do PARABÉNS, depois do melhor da festa... Na hora do ADEUS...

É , adeus,de repente Ele me preenchia de tanta ausência que a Ele e entre nós dois só cabia mesmo um adeus.

Ele correu muito;estava cansado, eu também.

Estávamos cansados de correr separados mesmo estando juntos, um dentro do outro. Passos largos que nos distanciavam de nós mesmos e nos tomavam do amor que sempre quisemos preservar.

Está certo! Nós deixamos pra nos amar só amanhã, ou depois do trabalho, ou depois daquela crise familiar...nos atrasamos mais uma vez!



JACYARA OSÓRO



3 comentários:

Cynthia Osório disse...

Como sempre as palavras certas estão em suas mãos.Consegue alcançar a poesia na rotina de uma circunstância não feliz!

Ananda Sampaio disse...

Lindo, jacy =]
lindo, lindo!
tão leve e poético
mas dolorido demais!
=***

Anônimo disse...

Você escreve muito bem!!! amei seu modo de escrever!!