terça-feira, 14 de outubro de 2008

Palavras ao vento


As palavras daquele livro favorito pareciam ter vida própria, neste instante nem sei se existo ou se sou mais um daqueles personagens com crises existenciais que tanto me cativam. Uma vírgula. Muita concentração. De repente me perco em meio a todas as coisas materiais e abstenho-me em meus pensamentos. Aprecio aquela linda paisagem que foge a cada piscar de olhos, a cada centímetro que avanço rumo ao nada ou onde quer que seja, não importa, ela foge. O virar de páginas se finda. Meus olhos não tem onde mais se fixar... as árvores passam por mim e tão logo se despedem; carros outrora tão reais se minimizam e se perdem conforme o vento toca o meu rosto e conforme a pressa do motorista.
É sempre bom respirar novos ares, vislumbrar os céus das casas vizinhas e banhar de outras águas; nem que seja para no fim de tudo optar por aquele velho e furado costume de ver outdoors no percurso do ônibus.
Pisar em terras alheias... é algo energizante para o corpo, dá um novo tom àquela alma pálida de um corpo que neste instante é outro.
Outro, não porque alheio. Não porque indesejável. Não porque pior.
Um corpo que parece independer do nome, do número do sapato , da fome.
É leve! Como nunca antes fora...
E lá estava eu... tão menos interessante que cada um daqueles grãos de areia que tanto se diferenciavam e se confundiam no pisar daqueles passos desorientados por aquela visão. Era o mar. Não apenas um mar... mas, um lindo mar! Aquele de sempre. Aquele de nunca, aos meus olhos!

Jacyara Osório

Um comentário:

Ananda Sampaio disse...

Lindo..lindo..
digno de Caio F.
fragmentos soltos!
amei
=*